terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Dolina smertnoy teni

Sê bem-vindo.

Sinta-se destinado.


"Ouça as Crianças da Noite, que linda música elas fazem.".
-Bela Lugosi
               Alguns entrarão em suas regiões mais profundas, outros nas menos.
   Uns ficarão muito tempo, outros nem tanto.

   Vós sabereis estardes nele quando acordais chorando, quando os dias correm rápido e vós percebeis já estar em outra segunda-feira.
   Sem que o tempo pareça ter passado, quando nada parece fazer sentido.
   Quando a tristeza for vossa companheira mais frequente, quando vós não enxergardes razão para sair da cama, quando o céu azul é cinza a vossos olhos.

   Quando viver torna-se comer e dormir – se o apetite não desaparece.
   Quando a morte passa a não ser tão assustadora assim.

   Então sabereis estar no Vale da Sombra da Morte!

   E, ao longe, quando o ar estiver queimando vossos pulmões; ouvireis esta singela canção. O canto que vos acompanhará:


Ikalē nū pāpa

'tē mainū dūra dikhā;

rāta nū tē tuhānū mērē ālē-du'ālē vēkha sakōgē.

Sahī atē aniśacita gi'āna

ṭuṭē dila dī kuṭa vica.



Em vossa angústia e tormento, mirareis com cegos olhos a Treva Infinda que se assoma e pronunciarás vosso Lamento:

Ó Morte vem a mim.
Morte, que estejas aqui.
Doce e suave.

Queima minha agrura
neste ódio de tormentura.
Ó Morte, sê minha Salvadora!

As ruínas de minh’alma
são Quimeras horripilantes.
Apenas sombras em meu espírito.

Ó Morte porque não te chegas a mim?
Almejo teu abraço,
desejo a algidez de teu beijo!

Mas não vens.
Olha-me ao longe no horizonte.
Impávida!

Sorri-me,  gélida.
Acena-me um adeus, e se vai
sem mim…





Neste momento percebereis não existir Salvação ou Redenção.
Que infinita é vossa desgraça, pois ela nasceu de vós.


*frankj costa*

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Febre D'oiro

                           Houve um dia, há muito tempo, que algumas pessoas derrubaram o muro do cemitério porque começara a correr um boato que havia ouro enterrado numa das covas...

                           Foram dias e noites de pás, picaretas, lápides atiradas ao largo; defuntos revirados.
                           Os religiosos choravam, rezavam, pediam a deus que aquilo parasse.


                           Como eles foram informados que lá havia ouro, nem choro, nem vela, padre ou pastor, nada demovia aqueles ávidos pelos haveres dos mortos.

                          Todavia a informação era falsa, ouro não havia alí.

                           Sentindo-se ofendidos e ludibriados atearam fogo ao cemitério, porque lá só haviam ossos.

                            E com ossos ninguém lucra, a não ser o sarnento cão.




sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Aos Moucos, nem os Guinchos do Mocho Alento Trazem

4 de novembro, 23:35:>

Publica numa rede social de amplo alcance, uma mensagem (mascarada de "desabafo"):
“¡Quanto è difficile essere me!”

Quanto tempo terá refletido sobre suas reais dificuldades?
Quanto tempo ainda levará pra aceitar que ele próprio é o principal agente/causador das coisas que lhe afligem?

Sim. Existem coisas que o atingem partidas de outras pessoas... Mas quem opta por baixar a guarda?
Sim. Existem eventos que lhe fogem ao controle... Mas quem opta por hipervaloriza-los?


Este jovem homossexual está com receio (talvez?): receio de abandonar sua confortável zona segura de lamentações irrefletidas, onde apenas há o inerte penalizar-se.
O contínuo e improfícuo autoapiedar-se, oxalá na vaga e amorfa possibilidade que terceiros lhe dêem conselhos, sugestões; alguns mesmo, haverão, que lhe oferecerão psicotrópicas distrações; ilusões psicoativas mas de parvalhona duração.


Quiçá embotará a própria mente e a percepção de si com estímulos fugazes, milifólios miríades de luzes, som e fúria!
Sempre jogando para outra pessoa a responsabilidade (ingrata de todo) da própria felicidade.
Tal jovem não alicerça a felicidade em si mesmo; sempre no movediço terreno da relação, sempre escravizando-se às próprias expectativas sobre o outro e às de outrem sobre si.
Parece querer fazer o exato inverso do Carvalho, e -ao invés de brotar da semente e erguer-se majestoso aos céus; quer arrancar-se (a si próprio) da amplitude magnificente do céu para trancar-se novamente na semente...

Ao longe, ouve-se um Moucho guinchando.


5 de novembro, 03:35:>

Acorda com a boca seca, os olhos semicolados pela secreção excrescente... Abre um olho turvo-quase-cego, arrasta-se pesadamente para fora da cama, tateia a mesa tropegamente, encontra o vidro de comprimidos: "enavomi" ele mal consegue ler o rótulo.
Com inegável esforço abre o vidro, deita duas cápsulas na palma da mão, rompe as drágeas depositando seu pó de cor ocre num copo, enchendo-o à metade de seu bourbon favorito. Dissolve tudo com o dedo e toma de um único gole.
Como se de chumbo fossem suas pernas, ele cambaleia de volta ao leito; deixa-se afundar no colchão.


10 de novembro, 18:45:>

O telejornal do lusco-fusco, repete a notícia dada no plantão de meio-dia:

"Jovem homoafetivo encontrado morto na própria casa. Polícia suspeita de suicídio"


E, assim, morre sem nunca ter vivido, tornando-se poeira e estatística.




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